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Documentário “Emicida: Amarelo - É Tudo Pra Ontem”


O documentário nacional “Emicida: AmarElo - É Tudo Pra ontem” produzido pela plataforma de streaming Netflix e dirigido por Fred Ouro Preto, retrata não apenas a vida do rapper e compositor Emicida, mas abrange questões históricas afro-brasileiras, apresentando um cenário de luta por reconhecimento de identidades e visibilidade do movimento negro, expondo a cultura, fé e modo de vida, da ocupação de espaços negados durante séculos e que ainda são negados para população negra (cis e trans). A discografia de “AmarElo” levou o Grammy Latino, em 2020, como música alternativa em língua portuguesa, em parceria com Pablo Vittar e Majur.

No longa-metragem, Emicida expõe pautas que devem ser abordadas e discutidas, como a escravidão e as profundas manchas deixadas na sociedade, a segregação dentro do próprio Theatro Municipal de São Paulo, entrelaçando com suas experiências de vida, manifestadas através da música. Trazendo uma análise referente aos nossos ancestrais, suas influências no combate da desigualdade sociais e socioeconômicas, celebrando figuras importantes e heróis negros brasileiros como Tebas, Leci Brandão, Wilson das Neves, Ruth de Souza, Lélia Gonzalez.

O filme recorda ainda a capital paulista como a terra das oportunidades, que estabelece o processo de gentrificação nitidamente violento e que modificou inúmeras regiões. Dessa forma, pessoas pobres que buscavam a sorte na cidade grande acabavam ficando nessas regiões. Por outro lado, tem-se o advento de uma periferia multicultural.

Emicida mostra que por meio do rap e do grafite, jovens passam a expor suas ideias, transformando em um movimento de conscientização e pensamentos críticos à respeito da desigualdade social e do racismo, além de reivindicar espaços culturais severamente fechados aos negros.

Emicida narra a história do povo negro fazendo uso do Municipal, local que foi refúgio da elite paulistana. O relato expõe as dores e sofrimentos de seus ancestrais, passando pelo ápice da ditadura militar de 1964, no crivo da repressão, até criarem voz e um enfrentamento contra o Estado brasileiro e todo o preconceito racial ou de gênero instaurado na sociedade.


Maria Carolina Alves de Godoi

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